
curadoria Marcelo Campos + Filipe Graciano
Juliana dos Santos
Vídeo por Thomas Mendel

Com a tintura extraída da clitoria ternatea, flor usada de forma terapêutica e na alimentação humana, produtora de uma tinta azul forte, entre o azul real e o violeta, a pesquisa da cor, nas obras de Juliana dos Santos, atinge uma dimensão filosófica
e sociocultural. As cores existem de forma etérea, sem fixação química, expostas
ao tempo, à luz e ao desaparecimento. O azul nos estimula a pensar em razão das transparências e colorações da água e do céu, lócus do inatingível. A obra da artista promove o debate da cura e das inquietações da cor da flor, com base no mergulho no azul, na imersão do outro num oceano.
A cor como lugar de percepção, um lugar de memória, de afeto, assim como de afetação. Somos expostos, a partir da própria exposição das cores, às durações
e às suas ameaças, à umidade, à solarização. O azul (que origina a pesquisa)
aponta para o lugar efêmero, lugar de nobreza, lugar de sacralidade e, por isso,
lugar de excludência, lugar de encontro, distância e busca constante por uma
relação mais sinestésica, da reação espontânea, onde a cor se entrega ao desejado por esparramar uma ampla experiência.
A cor se apresenta como lugar de temporalidade e suas sobreposições.
O tempo rarefeito da duração demarcado em constante transmutação e transformação. O azul como metáfora de expansão do céu seguido
pelo universo, desenhando-se em galáxias, desfazendo limites.

